Antigamente, as blogueiras eram vistas como fúteis só porque falavam de maquiagem e look do dia. Mas, o tempo passou e elas mostraram que o seu “diário” digital poderia ser uma fonte de renda e profissionalizaram o negócio, se tornando grandes empresárias. Dani Manna, a primeira blogueira de moda do Alto Tietê, prova isso. Há seis anos trabalhando na área, além do site Balaio de Estilo, ela faz desfiles e produz comerciais para a TV e publicidades para revistas, além de ser esposa e mãe. Isso sem falar na Squadra Digital, grupo de influenciadores digitais do qual está no comando.

Passamos o dia ao lado dessa #girlboss da vida real e descobrimos TU-DO sobre a sua rotina, carreira e até vida pessoal. E segue um spoiler: o segredo para dar conta de tudo envolve personalidade forte, vontade de ser diferente e uma pitada de ousadia. Tudo sem perder o estilo, claro.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani Manna

STYLING TIP: Você não parece ter uma rotina. Como é o seu dia a dia?

Dani Manna: Tirando época de troca de coleção, quando a cada dia estou em um lugar, até que consigo manter uma rotina. Acordo, quando estou com vontade (o que é raro) vou para a academia, levo o Chicão [o filho de 12 anos] para a escola às 7h10 e às 7h40 já estou no escritório.

Às 13h pego o meu filho na escola e almoçamos em casa junto com o Rodolfo [o marido]. Geralmente, marco reunião com cliente às 14h, então, “engulo” a comida e já volto correndo. Como o meu escritório fica no mesmo prédio da agência [de publicidade] do Rodolfo, vamos juntos para o trabalho e fico por lá até às 18h, 19 horas. O Chicão faz algumas atividades ali perto e acabo ficando um pouco mais para buscá-lo. Porém, se tenho algum compromisso, o pai dele pega. Ele é bem participativo e, aliás, faz até mais do que eu por ter uma agenda mais certinha. Mas costumamos dividir bem as coisas.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani Manna

Às quartas-feiras a gente “roda” as lojas para fotografar produtos e pegar conteúdo para as matérias.

Ultimamente não tenho trazido o computador para casa. Já fui muito de ficar até as 3h da madrugada trabalhando, mas esse ano tenho me policiado muito. Se trago é para ver um site, algo assim, nada de trabalho.

ST – Você parece ser bem família, né?

DM – Sim, sou. Depois que meu pai morreu faço muita coisa para a minha mãe. E tem gente que fala “nossa, que bonito você cuidar dela”. Não faço nada além do que eles fizeram por mim a vida inteira. Meus pais sempre foram muito próximos e, ao mesmo tempo que sou muito independente, nunca cortei esse laço.

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ST – Quando veio para Mogi você já era casada?

DM – Não, vim para cá sozinha. Quando estava no segundo semestre da faculdade, comecei a trabalhar em uma agência e depois de dois anos, saí e fui cuidar da parte de marketing da empresa do meu irmão. Nesse meio tempo consegui uns “freelas” e acabei saindo deste trabalho e abrindo a minha agência, a Creare, em 2000. Porém, as coisas estavam devagar e conversei com o meu pai sobre fechar o negócio e voltar a trabalhar fora.

Nessa época aconteciam muitos encontros de publicitários e, no dia seguinte, encontrei com o Rodolfo no Cosa Nostra, onde hoje é o Cantagalo. Ele me perguntou como estava a agência e eu comentei que queria fechá-la. Ele me aconselhou a fazer o contrário, mas disse que estava precisando de alguém para fazer atendimento e me chamou para um café. Isso era um sábado. Na segunda, uma emenda de feriado de 1º de maio, conversamos e, na quarta-feira, 2, comecei a trabalhar na X Propaganda. No dia 25 do mesmo mês começamos a namorar e, em setembro, casamos. Do primeiro beijo até o casamento foram três meses e 20 dias. E eu não estava grávida!

ST – Você estudou e trabalhava com Publicidade e Propaganda, como acabou parando no ramo de Moda?

DM – Quando eu trabalhava na agência, sempre que aparecia uma produção era eu quem fazia. Ia às lojas pedir roupa emprestada, as joias… Sempre adorei essa parte.

Em 2010, a dona de uma boutique que era cliente da agência foi fazer um curso em São Paulo de gestão de loja de luxo e, em uma das aulas, percebeu que a tendência era anunciar em blogs, mas que não existia nada do tipo em Mogi.

No dia seguinte, tínhamos uma reunião marcada e ela me sugeriu que montasse uma página sobre moda, porque gostava do tema, escrevia bem e já sabia mexer na internet. Na hora falei “Deus meu livre! Essa coisa de look do dia não tem nada a ver comigo”. Mas sou turca, né? Cheguei em casa e fiquei pensando que poderia criar um negócio sem seguir exatamente essa linha.  Comecei na mesma hora. Entrei no Blogspot, fiz logo e montei o Blog da Manna de forma despretensiosa.

Quando a página tinha um mês, recebi um e-mail pedindo o meu mídia kit. Contei para o Rodolfo e ele disse para sentar na minha mesa e criar um. “Mas como vou cobrar por algo que não é a minha profissão?”, perguntei. O que eu ouvi em resposta foi “se estão te pedindo, é porque você faz direito”.

Com três meses de página, estava tirando o mesmo pró-labore da agência. Eu atendia os clientes da X Propaganda durante o dia e à noite trabalhava no blog em casa.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani MannaST – Era nessa época que você ficava trabalhando até às 3 horas?

DM – Nessa época eu ficava até às 5 da madrugada! Até que chegou um dia que falei para o Rodolfo que ia parar com o blog porque não estava mais dando conta. Ele, então, disse para eu continuar apenas com aquele serviço e ver no que dava.

Fiquei três anos com o Blog da Manna [de 2011 a 2014] até que algumas empresas começaram a falar que gostavam muito do meu trabalho, mas a marca com a qual trabalhavam não permitia anúncios em páginas pessoais. Eu pensava que era mentira, que a pessoa estava só dando uma desculpa. Mas muitos clientes começaram a falar a mesma coisa. Foi quando comecei a pensar na transição do blog para um site.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani MannaST – E mudou muita coisa de um para o outro?

DM – Na verdade, continuou bem parecido. Mesmo quando era blog eu não escrevia em primeira pessoa e procurava expressar pouca opinião pessoal. Aconteceram mudanças de layout e de plataforma, o que deu mais a cara de site.  Nessa época eu já tinha uma equipe. Cheguei a ter quatro pessoas trabalhando para mim durante um período que também cuidávamos das redes sociais dos clientes. Hoje somos eu, o Eduardo e a Juliana e subimos uma média de três a quatro matérias por dia no Balaio.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani MannaST – Por que Balaio de Estilo?

DM – A moda é o seu estilo e sempre bati muito nisso. A pessoa pode usar algo que é tendência, mas sempre trazendo para a sua realidade, nunca forçado. Caso contrário, acaba ficando feio. Por isso, quando fui escolher o nome, queria que tivesse a palavra estilo e que fosse algo bem brasileiro.

Em uma sexta-feira recebi um press kit de cosméticos e o levei para casa. No sábado, sentei na minha cama decidida a escolher um nome. Foi quando olhei para a cômoda e, como já tinha guardado os produtos, percebi que tinha ficado só o balaio onde o kit viera. Pensei “é isso!”. Aí ficou Balaio de Estilo, esse “pacotão” onde jogamos tudo dentro e sai esse lance aí de moda.

ST – Você disse que toda quarta-feira roda as lojas e a gente vê no seu stories do Instagram que é algo bem descontraído. Isso é trabalho ou diversão?

DM – Os dois [diz, dando risada]. É que eu amo o que faço de verdade, não é hipocrisia. Tanto que, quando viajo, quero comprar revista de moda, ver vitrine, se estou assistindo novela, reparo em figurino. Não é algo forçado, é natural.

Sou muito séria, quando me proponho a fazer algo, não brinco.  Que nem esse lance do Squadra. Falaram que eu queria dominar o mercado. O pessoal tem medo mesmo, porque sabe que sou do tipo que faz o negócio para dar certo.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani Manna

ST – A criação da Squadra tem a ver com cross-branding?

DM – O grande intuito da Squadra é profissionalizar o mercado para que o cliente não ache que pode dar um brinco em troca da pessoa postar e divulgar o produto. A ideia é discutir preço e todos cobrarem valores compatíveis com o seu trabalho.

Do time, sou a que trabalho nessa área há mais tempo e poderia muito bem falar que continuaria sozinha e, pronto! Mas acho que temos uma galera jovem, que todo mundo pode se ajudar e crescer junto.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani Manna

ST – É muito difícil trabalhar com moda e com o universo digital no Alto Tietê?

DM – Não, porque eu penso que, em qualquer profissão, se trabalhar direito, você tem o seu espaço.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani Manna

ST – Como você organiza a agenda para dar conta de tudo?

Tem uma técnica de um livro sobre otimizar tempo que fala para você escrever tudo, até as coisas básicas como buscar a calça na costureira. Se não anotar, chega no final do dia e eu não fiz um monte de coisas que tinha que fazer, mesmo tendo feito várias outras, e fico com uma sensação ruim. Por isso tenho duas agendas, umas que fica na minha mesa e outra na bolsa. O tempo é a gente quem faz e, por isso, precisamos saber dar prioridade.

ST – O que dá mais trabalho: ser mãe, empresária…

DM [A resposta vem antes mesmo de terminarmos a pergunta]. Ser mãe, com certeza, porque você projeta uma coisa no filho. Lá em casa, como é só um, tomamos muito cuidado para não mimá-lo demais. Mas, tem que hora que sou muito rígida, tem momento que acho que sou muito mole, nunca sei o que é certo. Toda mãe, independente de qualquer coisa, vai tentar sempre fazer o melhor, o que é um desafio.

Tive um filho só por opção e não me arrependo. Sou muito feliz por ser mãe do Chicão.

ST – Qual a sua dica para quem pretende empreender no ramo da moda?

DM – Estudar é a primeira coisa. Porque é um ramo que todo mundo acha que entende porque gosta de moda ou porque segue alguém no Instagram que se veste bem. Não é isso. Tem que pesquisar, ler muito, conseguir enxergar na propaganda de uma revista uma pauta. Também tem que esquecer o glamour. É uma área tão séria como qualquer outra.

Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani MannaST – Você se vê como uma digital influencer?

DM – Não. Quer dizer, não com o título de digital porque não vivo disso. Sei que influencio pessoas porque elas vão até as lojas só para ver algo que postei nas redes sociais.

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Vida pessoal, moda e empreendedorismo digital com Dani Manna
(Produção executiva: STYLING TIP
Edição: Gabriela Fernandes
Fotografia: Eddy Marchi e Gabriela Fernandes
Reportagem: Juliana Barbosa
Beleza: Karina Bandeira
Tratamento de imagem e diagramação: Gabriela Fernandes)

Agradecemos a loja Estilo Dot pela parceria na sessão de fotos.

3 Comentários para “#GirlBoss da vida real

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